Cadernos do Davi

apontamentos rumo a definição de podcast

Definição falha e sentimental, sem dúvida, por alguém que escuta programas há mais de dez anos e ouviu algumas vezes dois-mil-e-tanto é o ano do podcast. Ouvir é o verbo-chave. Audição o sentido em destaque. Pessoas conversando por horas, SM7Bs apontados para bocas sobre longa mesa de madeira, não é podcast.

Pode vir a ser, caso após a transmissão ao vivo o áudio seja extraído e compartilhado em um feed RSS. Aí sim, podcast. Da parte técnica, a única obrigatoriedade: por baixo do capô, podcasts requalificam o RSS (não revitalizam, pois ao contrário do Google Reader, o RSS está onde sempre esteve).

Não é questão de dinheiro. Esconder o feed, parcial ou completamente, e compartilhá-lo, apenas ou com antecedência, aos apoiadores: permitido. Portanto o comediante, mantendo os primeiros 500 episódios atrás de paywall, continua produzindo podcasts. O comentarista de luta-livre, por outro lado, desde maio de 2021, quando o Spotifeed foi descontinuado por conta de mudanças nos servidores da empresa de streaming verde, virou programa de entrevistas. E de certo modo propaganda. (Nessa métrica, o The Daily é o podcast mais escutado no mundo. A versão brasileira, Café da Manhã, não é podcast. O Assunto, sim. E por aí vai.)

Podcasts devem seguir o imperativo "assine onde quer que você escute seus podcasts" e a transferência para um tocador de mp3 deve ser possível. Ouvir offline é aconselhável. Restringir os episódios a apenas um serviço de streaming – também é permitido, é claro, boa sorte. Inclusive é onde há mais dinheiro. Mas gentileza chamar de outra coisa.

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