Cadernos do Davi

Herzog: Caminhando no Gelo (1978)

corvos, melros, gaios, um faisão, abelharucos, um açor, gralhas, busardo, pica-pau, pardais, perdizes, cisne, papagaios (em sonho) acordado por gralhas novamente, pintassilgos, outros faisões e busardos, o ganso, as pombas, “pássaros”, pavões albinos de olhos vermelhos-claros, melros e pardais agora em outro país, grous, patos, garças, e uma chuca, todas essas aves avistadas por Werner Herzog enquanto caminhava os quase oitocentos quilômetros entre Munique e Paris, como se saindo da praça sete no centro de BH eu andasse até Caetité, na Bahia, ou até Brasília, isso durante três semanas entre os dias 23 de novembro e 14 de dezembro, no inverno europeu do ano de 1974, data esta que repare bem faz cinquenta anos hoje, ou seja a completou aos 32 anos essa andança, guiando-se por bússola e pela crença de que a peregrinação a pé ajudaria na recuperação da crítica escritora e mentora Lotte Eisener, que nos anos 30s colaborou com Langlois na criação da Cinémathèque Française, e após a guerra passou décadas lá como curadora-chefe, coisa que de fato acredito foi o caso, a peregrinação a ajudou em sua saúde, ela que viveu mais nove anos e no fim da vida pediu ao amigo que a livrasse do feitiço, Solvitur Ambulando é verdade pelo visto: resolve-se caminhando, um passo por vez nesse cada um por si e Deus contra nosso.

o diretor herzog te aceita no strava